Reportagem da Revista Shifter - (https://shifter.pt/2024/02/em-homo-sacer-bestiario-e-maria-gil-nomeiam-a-norma-e-celebram-a-pluralidade-cigana/?doing_wp_cron=1708346767.2011981010437011718750)
Partilhamos a reportagem de Carolina Franco na Revista Shifter, sobre a peça teatral "Homo Sacer", uma realização conjunta de Teresa V. Vaz e Maria Gil, talentosa atriz de origem cigana.
A peça faz parte da Odisseia Nacional do Teatro Nacional D. Maria II e é altamente recomendada, prometendo uma experiência teatral imperdível.
«(...) Não é uma coincidência que partilhe o nome com “Homo Sacer e os Ciganos”, livro de Roswitha Scholz editado em Portugal pela Antígona em 2014 — serve-lhe de ponto de partida e inspiração. Mas não foi bem por aí que a ideia para Homo Sacer apareceu; foi através da experiência de Teresa professora de atividades extra-curriculares em escolas públicas na zona de Lisboa, que surgiu o ímpeto de falar sobre o anticiganismo, depois de assistir a alguns episódios que a “começaram a inquietar”. Mais tarde, teve conhecimento de um estudo sobre discurso de ódio que a irmã de uma amiga estava a desenvolver. O que mais a surpreendeu foi saber que existia um anticiganismo generalizado e que a percepção dominante era de que os cidadãos ciganos eram migrantes. Uma percepção contrariada pelos factos, uma vez que, por exemplo no caso português, há registos de pessoas ciganas há séculos. Diz a jornalista Ana Cristina Pereira, numa peça que integra um longo trabalho de investigação sobre a presença cigana em Portugal, que a primeira referência à palavra cigano é o poema As Martas de D. Jerónimo (1510), de Luís da Silveira1, que “atribui um ‘engano’ a ‘uma cigana ou muito fina feiticeira’”, e a segunda é a peça Farsa das Ciganas, de Gil Vicente, apresentada em 1521 a D. João III, em Évora. Em palco, quatro mulheres procuravam o público para lhe ler a sina. E se cinco séculos depois as comunidades ciganas são entendidas como migrantes por alguns cidadãos, em parte também se deve à disseminação de estereótipos e ao silenciamento histórico que persiste como uma raiz que resiste a ser arrancada. (...)»
Leia o resto da reportagem no link acima.