Reportagem e entrevista no Jornal do Centro - https://jornaldocentro.pt/noticias/diario/de-nomadas-a-resistentes-os-roma-tambem-sao-filhos-da-liberdade
Divulgamos a reportagem do Jornal do Centro com uma entrevista ao Vice-Presidente da nossa associação, Bruno Gonçalves, no contexto da apresentação dos livros da sua autoria "Conhece-me antes de me odiares: Notas sobre a História e Cultura" e "A História do Ciganinho Chico", e da pre-estreia do documentário "A História e Cultura Cigana", no Carmo'81 em Viseu, no passado dia 6 de abril.
Nesta entrevista, Bruno destaca a importância do conhecimento mútuo para promover a convivência e combater o preconceito e aponta os filhos de Abril como a chave para a mudança. Salienta o papel essencial da educação e da divulgação cultural na desconstrução de estereótipos, mas diz também que a mudança é um processo geracional lento.
«(...) “Temos cicatrizes do tempo, com 500 anos, mas também temos e carregamos nas nossas veias a resistência”, afirma Bruno Gonçalves, também ele um roma e uma voz que grita pela mudança e pelo fim do preconceito.
Para o autor de dois livros que dão a conhecer a história desta etnia, e que recentemente esteve em Viseu a apresentá-los, é preciso “conhecimento”, pois só assim se poderá conviver. “A convivência vem pelo conhecimento, se nos conhecermos bem talvez a convivência seja melhor. Não temos que coexistir, temos que conviver”, sublinhou. Bruno Gonçalves admite que há muitos “fantasmas” relacionados com a comunidade cigana e que isso também não ajuda a que os estigmas caiam por terra, mas lembra que “comportamentos não definem uma comunidade, que é muito mais do que esses fantasmas”. “Há ventos que sopram em contrário, há fantasmas que pairam no ar, mas somos muito mais do que isso. É importante termos pessoas que resistem e insistem na sociedade multicultural”, frisou. No entanto, destacou Bruno Gonçalves, muito se tem feito e “as mentalidades mudam”, para ambos os lados. “Somos uma comunidade que foi forçada a ser nómada, com as leis repressivas e, por isso, os pontos de partida não podem ser iguais. Há necessidade de as pessoas terem um pouco de paciência, mas não têm e as mentalidades não se mudam de um dia para o outro, é geracional, demora gerações”. E nesta mudança, os filhos da liberdade também são o “segredo”. “Temos filhos de Abril e os filhos de Abril vão ter que nos ensinar que temos que lutar. A democracia é muito jovem, mas temos que lutar por ela. Hoje, o espetro político diz-nos que temos uma ameaça, mas vamos vencer”. Já questionado sobre políticas de apoio à comunidade, Bruno Gonçalves lamenta que “em 500 anos, tenha havido apenas uma política direcionada para as comunidades ciganas, que é a Estratégia Nacional para as Comunidades Ciganas, de 2013”, lembra ainda a necessidade de terem um “gabinete” próprio, saindo da alçada da Agência para a Integração Migrações e Asilo. “Costumo dizer que é melhor ter do que não ter, mas vou lutar com todas as forças para que continue a haver diálogo com o Governo, como sempre houve”. (...)» Leia a notícia completa no link acima.