Artigo publicado na GlobalVoices - https://pt.globalvoices.org/2024/04/28/o-fracasso-de-dois-imperios-na-educacao-dos-ciganos/
Divulgamos o artigo de Daria Dergacheva, traduzido por Denise Andréia Stange, publicado na GlobalVoices, que analisa o trajeto histórico da política educativa direcionada à população cigana e restantes povos minoritários russos. O artigo aborda as alterações na política educativa para as minorias russas, tanto no período imperial pré-revolucionário, como no período revolucionário da União Soviética, a partir de 1917, e a drásticas mudanças sentidas a partir de 1938. No final do século XIX, a grande maioria dos ciganos do Império Russo era analfabeta, com apenas 2% a 4% da comunidade dominando o russo. A política linguística da época refletia a marginalização geral dos povos minoritários. No entanto, a partir de 1917, a União Soviética adotou uma política de desenvolvimento das minorias, implementando programas educacionais específicos para as comunidades ciganas, como a alfabetização na língua romani e publicações em romani. Neste período, para combater o analfabetismo nas comunidades ciganas, criou-se uma língua escrita para o romani, com base no idioma da diáspora cigana que migrou para a Rússia.
Foram criadas turmas e escolas onde o ensino fundamental era feito em romani e foram formados professores ciganos. Posteriormente, numa só década foram publicados aproximadamente 300 obras literárias, escolares e traduções em russo romani. Além destas medidas, foram criadas associações ciganas, conjuntos musicais ciganos e o primeiro teatro de artes ciganas, o Teatro Romen. No entanto, em 1938, a política mudou drasticamente, levando ao fechamento das escolas ciganas e à abolição da língua romani escrita. As comunidades ciganas foram deportadas e forçadas ao reassentamento, impactando negativamente a continuidade da educação. Hoje, cerca de 80% das crianças ciganas com mais de 11 anos não frequentam a escola devido à inadequação do sistema educativo em responder às suas necessidades linguísticas e culturais. «(...) Foi implementado o primeiro programa de educação especial para ciganos, como parte do programa escolar nacional. Foram abertas várias turmas e escolas, nas quais as matérias do ensino fundamental eram ensinadas na língua romani, e foi fundada uma faculdade de treinamento para professores ciganos. Como a política da época era eliminar o analfabetismo, foi criada uma língua escrita para o romani, com base no idioma de uma das diásporas, os ciganos russos. Entre 1928 e 1938, foram publicados aproximadamente 300 trabalhos em russo romani, incluindo livros didáticos, obras originais de autores ciganos (cerca de 30) e traduções de clássicos russos. (...)» Conheça mais sobre estes períodos históricos no link acima.