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A ameaça do crescimento da extrema-direita


Fotografia de Clay Banks, Unsplash

Partilhamos a reportagem de Ashifa Kassam, no Jornal The Guardian, acerca do crescimento da extrema-direita em Portugal e o seu impacto nas comunidades minoritárias, com uma entrevista a Bruno Gonçalves, Vice-Presidente da nossa associação. Após as eleições em Portugal, o crescimento do partido de extrema-direita Chega tem levantado fortes preocupações para as associações antirracistas e representativas de pessoas ciganas. Evalina Dias, da Associação Djass, uma das pessoas também entrevistadas, expressou surpresa com a ascensão do partido e enfatizou a necessidade de combater o racismo oculto na sociedade portuguesa. Bruno Gonçalves denunciou as alegações infundadas de André Ventura contra a comunidade cigana, destacando os esforços recentes de integração que são agora interrompidos devido à influência e à retórica do partido. Sublinha a forma como este partido de extrema-direita cresceu através da promoção de um discurso abertamente racista e xenófobo sobre as comunidades ciganas, usando-as como 'bodes expiatórios' para os problemas do país. Além disto, Mahomed Iqbal, da Comunidade Islâmica de Lisboa, também entrevistado nesta reportagem, expressa preocupação com a retórica anti-imigração do Chega, ressaltando a importância do diálogo para combater o extremismo. Por fim, Bruno fecha a reportagem afirmando que, se a resistência fluía no veias dos seus antepassados, também flui nas comunidades ciganas de hoje e não irão permitir que um partido como o Chega ou alguém como André Ventura os elimine. Partilhamos uma parte da reportagem, traduzida para português pela nossa associação: «(...) Mas o líder dos Socialistas, Pedro Nuno Santos, alertou o seu partido para não ignorar a mensagem que tinha sido enviada pelos mais de um milhão de pessoas que votaram no Chega. No domingo, disse: "Não é o caso de que 18% dos portugueses sejam racistas, mas há muitos portugueses chateados." [Evalina] Dias discorda. "Para a nossa associação, é como se os 1 milhão de votos que ele obteve fossem 1 milhão de votos racistas", diz ela.


A sua perspetiva é corroborada pelo constante fluxo de retórica que Ventura tem proferido desde que fundou o Chega há cinco anos. Em 2020, ele pediu que Joacine Katar Moreira, na altura uma das três deputadas negras no parlamento, fosse "devolvida ao seu próprio país", num post nas redes sociais que Ventura, mais tarde, descreveu como "obviamente irónico". Dias atribuiu o sucesso do Chega à falha do país em abordar adequadamente o racismo. "Não falamos sobre isso, não discutimos isso, os portugueses dizem: 'Ah nós não somos racistas,'" diz ela. Este vácuo tem tornado mais fácil para o Chega usar as diversas comunidades do país como 'bodes expiatórios' para os problemas do país, apesar dos dados mostrarem que os migrantes contribuem quase sete vezes mais para os cofres públicos do que recebem. Ventura inicialmente conquistou um nome nacional através de uma série de ataques sustentados contra a comunidade cigana, acusando-a de explorar os benefícios sociais e alegando que existe um "problema crónico" de "delinquência e violência" na comunidade. "Esta é uma grande mentira", diz Bruno Gonçalves das Letras Nómadas, uma organização de base que apoia a comunidade cigana. Mas Ventura tem capitalizado há muito tempo a animosidade do país em relação aos ciganos para obter ganhos políticos, diz ele. "Ele sabe que os ciganos são a primeira bandeira a agitar para subir a escada do ódio." Aproximadamente um terço das comunidades ciganas do país, de 50.000 pessoas, vive em habitações inadequadas e a sua esperança de vida é mais de uma década menor do que a dos outros portugueses, diz ele. "Sentimos o racismo diariamente", acrescenta Gonçalves. "Estamos aqui há cinco séculos e há muitas assimetrias que continuam a provocar situações de desiguadade." Apesar de tudo isso, as coisas tinham começado a melhorar nos últimos anos: os municípios tinham começado a incluir os ciganos nas suas políticas, foram lançadas iniciativas de educação e foi apresentada uma estratégia nacional para a integração dos ciganos.


Mas, à medida que o Chega intensificava os seus ataques, esses esforços pararam. Gonçalves acredita que os políticos começaram a ficar nervosos em trabalhar com a comunidade. "Eles têm medo de perder votos", diz ele. "Havia coisas realmente boas que estavam a ser desenvolvidas, mas com o Chega, as coisas pioraram muito, muito mais." (...)» A restante entrevista, em inglês poderá ser lida na íntegra no link acima.

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